Nesta quarta-feira (11/04) a Câmara Municipal de Campo Grande realizou o segundo encontro com a população neste ano de 2018, para discutir o tema mobilidade urbana.

O evento que foi aberto ao público contou com a presença do Procurador de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Habitação e Urbanismo e do Patrimônio Histórico e Cultural, Evaldo Borges Rodrigues da Costa.

Pensar a cidade com acessibilidade não é o único objetivo da discussão da mobilidade urbana. Na análise do Projeto de Lei do Plano Diretor levam-se em conta também os modelos de transportes utilizados na cidade, desde os coletivos, individuais e o pensar no pedestre no município.

A reunião iniciou com as palestras dos engenheiros civis, André Dantas e Aroldo Ferreira.

Para o palestrante, André Dantas, diretor técnico da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o Plano Diretor é um instrumento para conduzir o desenvolvimento. “Escolhemos dar prioridade ao transporte individual motorizado em detrimento do transporte coletivo, isso é uma escolha que vai contra a lei, que é priorizar primeiro o pedestre, a bicicleta, o cadeirante e depois vem o transporte coletivo motorizado, a consequência disso para todos nós,  na forma mais fácil de visualizar é o congestionamento, que acontece em todos lugares do mundo, mas em magnitude diferente, o congestionamento é a ineficiência, outras consequências que se observa nos últimos anos é uma queda na velocidade na operação do coletivo, algumas cidades é mais rápido andar a pé, o número de passageiros que usam o transporte coletivo sofreu uma queda vertiginosa”, ressaltou.

Já o palestrante, Aroldo Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental de Mato Grosso do Sul, ABES-MS explicou que o meio ambiente é o cenário para todas as atividades humanas. “As intervenções no meio ambiente não é um discurso vazio, nós vamos de forma responsável identificar as ameaças, fazer um diagnóstico, verificar se o plano de saneamento e de saúde ambiental que está proposto dentro do Plano Diretor é realmente sustentável, qualquer Plano Diretor e Plano de Sustentabilidade Ambiental tem que discutir a questão da água, a água potável disponível é menos de 1%, ninguém vive sem água, ela é essencial para que haja vida. Além da água garantir vida, é disputada e poder de objeto de guerras por disputa de mananciais, a água é um insumo indispensável para produção econômica. Os grandes grupos, por incrível que pareça, o maior consumidor de água no Brasil é o agronegócio, não podemos ficar sem o agronegócio, estamos sempre incentivando, por outro lado precisamos priorizar a água para o consumo humano, a busca desse equilíbrio que dá sustentabilidade para qualquer plano”, defendeu.

O Procurador de Justiça Evaldo Borges Rodrigues Costa recomendou a construção de uma pista para cadeirantes nas principais avenidas de Campo Grande. “Na avenida Afonso Pena há uma pista para ciclistas, eu recomendo a possibilidade de fazer uma via deste mesmo tipo para os cadeirantes para ter mobilidade nas vias de grande fluxo, pensar em uma fórmula parecida com as dos ciclistas, citei Afonso Pena, mas seria possível em outros lugares onde tem o canteiro central, com fluxo de interesse maior das pessoas, para facilitar o acesso ao centro, agências bancárias, entre outras atividades. Se fosse possível a construção paralela aos cadeirantes, seria viável”, indicou.

O vereador William Maksoud, alegou que das Audiências Públicas inúmeras sugestões serão aproveitadas para a construção do Plano Diretor. “ Com certeza vão sair daqui inúmeras sugestões, agradeço as brilhantes palestras que foram ministradas, agradeço a presença de todos pela contribuição no Plano Diretor da nossa cidade”, finalizou.

Atualmente, o projeto de lei tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com avaliação também nas comissões permanentes de Finanças e Orçamento e Meio Ambiente. Nas audiências realizadas pela Câmara em abril serão analisadas todas as sugestões propostas pela sociedade e avaliadas possibilidades de emendas ao texto original.  A previsão é que a votação ocorra em maio. Após a votação o texto retorna ao executivo que tem a prerrogativa de acatar as emendas ou vetá-las.

Texto: Ana Paula Leite/jornalista Assecom MPMS – com informações da Câmara Municipal de Campo Grande

Foto: Suellen Lands – estagiária Assecom MPMS e Câmara Municipal