Está sendo julgado, desde a manhã desta quinta-feira (27/4), por homicídio qualificado, o lutador de jiu-jitsu Rafael Martinelli Queiroz, de 29 anos, acusado de matar o engenheiro Paulo Cezar de Oliveira, em abril de 2015. O julgamento acontece na 1ª Vara do Tribunal do Júri em Campo Grande, e está sendo presidido pelo Juiz de Direito Carlos Alberto Garcete de Almeida.
O crime ocorreu no dia 18 de abril, por volta das 22h05, no Hotel Vale Verde, localizado na Avenida Afonso Pena, no Bairro Amambaí. Conforme a peça acusatória do processo, em trâmite na 18ª Promotoria de Justiça, o crime ocorreu porque Rafael, que veio do interior de São Paulo para uma competição na Capital, no hotel onde estava hospedado, discutiu com a namorada Carla Maiara de Medeiros Dias, gestante, agredindo-a com tapas no rosto e socos na região glútea, causando-lhe lesões corporais. Em seguida, após a namorada conseguir escapar das agressões, Rafael saiu do apartamento em que estava hospedado e passou a arrombar as portas de três quartos vizinhos, quando arrombou o quarto apartamento, deparou com a vítima Paulo Cezar de Oliveira, que ali se hospedava, golpeando-o com uma cadeira de madeira que se dividiu em pedaços e mesmo assim continuou batendo no engenheiro até causar lhe a morte.
Em depoimento ao juiz, Carla Maiara de Medeiros Dias declarou que conhece Rafael desde a infância, embora tenha um relacionamento conjugal há dois anos. “Ele nunca foi uma pessoa agressiva. No dia do crime ele estava muito agitado, diferente de todos os dias anteriores. Durante toda a viagem para Campo Grande, ele demonstrava-se nervoso, dizendo que os amigos estavam armando contra ele e, em alguns momentos chorava muito”.
Ela ainda explicou que “Eu tentava falava com ele, mas a sensação que eu tinha era que ele não me ouvia, porque sequer me olhava. Chegando em Campo Grande, fomos para o hotel, depois de muitas tentativas consegui deitá-lo na cama, na qual ficou quieto por 5 minutos, então comecei a rezar. Em seguida, ele levantou, ainda mais agitado e me acusando de estar, também, armando contra ele. Quando fui acalmá-lo, recebi um tapa. Liguei na recepção e pedi para chamar um médico ou a polícia, na sequência corri para lá, me esconder. Da recepção, escutávamos os barulhos, mas não dava para identificarmos o que estava acontecendo na parte superior do hotel. Minutos depois, o Rafael desceu e entregou uma corrente para a recepcionista, dizendo que era do hospede do apartamento de número “tal” e quando olhei para ele, sua mão estava com sangue, porém, mesmo assim, eu não tinha noção do ocorrido”, afirmou Carla Maiara.
A acusação está sendo feita pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, representado pela Promotora de Justiça Lívia Carla Guadanhim Bariani, titular da 19ª Promotoria, juntamente com os assistentes de acusação, os advogados Edson José da Silva e de Aparecido Tinti Rodrigues de Farias.
Já a defesa da vítima está sendo feita pelos advogados Juliano Quelho Witzler Ribeiro e André Bueno Guimarães.
O Ministério Público Estadual ofereceu acréscimo na denúncia, reformando as qualificadoras de motivo torpe, motivo cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Foi considerado torpe, já que Rafael matou uma pessoa inocente e por ter sido a primeira pessoa que ele encontrou pela frente, pois dos quartos arrombados foi o primeiro que estava ocupado. Rafael também teria utilizado recursos que dificultou a defesa da vítima, pelo fato de possuir aparência física mais avantajada do que a vítima, além de ser praticante de jiu-jitsu há mais de 10 anos, sendo graduado em faixa preta e ter ganhado vários campeonatos em que participou.
A defesa do réu alega que ele sofre de problemas mentais e, na ocasião, não sabia o que estava fazendo, por isso pede a absolvição ou afastamento dos agravantes como meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Texto e Foto: Elizete Alves/jornalista – Assecom MPMS